As incompatibilidades do mundo moderno: Fazer bem feito X fazer bem rápido.

As incompatibilidades do mundo moderno: Fazer bem feito X fazer bem rápido.

Será que tem que ser assim mesmo? O mundo corporativo entrou em um modo acelerado tão intenso, tão crazy, que as pessoas não estão querendo mais pertencer.

Quem disse que tem que ser assim, onde está escrito?

Gente, olha só essa notícia que saiu na CNN com o título Estresse social envelhece o sistema imunológico de maneira precoce. Trazemos só um trechinho do artigo, depois vocês correm lá para ler na íntegra, olha o que diz: “Estresse social, como discriminação e problemas familiares, juntamente com problemas de trabalho e financeiros, podem contribuir para o envelhecimento prematuro do sistema imunológico, segundo um estudo recente. O que representa um golpe duplo, pois o sistema imunológico já se deteriora com a idade.”

O Brasil está no top five dos países mais adoecedores mentalmente, e olha, esse ranking não é de dar orgulho a ninguém. E o que mais nos preocupa é que tantos estudos apontam para um futuro nada promissor, tantas empresas já discutindo alguns temas relevantes, mas ainda não estamos vendo nada de concreto, poucos botando a mão na massa de verdade, apontando para o alvo correto.

Cada dia mais, pessoas e mais pessoas entram para a estatística das pessoas que perderam o equilíbrio (físico, mental e / ou social). Mas calma aí, tem algumas coisas que não deixam essa “conta fechar”. Não ouvimos a vida inteira (temos a certeza que você já ouviu também) que o trabalho dignifica o homem? E corroborando com essa crença positiva, temos inúmeros estudos dos cientistas do trabalho que afirma que “trabalhar não é apenas produzir. Trabalhar é também construir a si mesmo”.

Afirmam também que trabalhar é o que tem de mais nobre nessa vida, pois é a grande oportunidade do ser humano se desenvolver e se realizar. Trabalhar é utilizar de todos os seus saberes, de toda sua criatividade, de toda a sua bagagem para se desenvolver como ser humano. Trabalhar é uma ação, é uma atividade transformadora, pelo menos é o que se espera do trabalhado edificante. Se o trabalhar causar sofrimento que seja para impulsionar oportunidades para se desenvolver. Trabalhar é encher a vida de sentido.

Uai.. então tem alguma coisa errada nessa história. Se o trabalho é central na vida do ser humano, por que tantas pessoas não conseguem mais se conectar com ele? A ponto de permanecerem no estresse adoecedor? Tem alguma coisa nesse funcionamento do trabalho contemporâneo que não está legal.

Veja se você reconhece essas afirmações em sua realidade do trabalho:• Números acima do fazer.

• Quantidade em prol da qualidade.

• Medir, medir e medir.

• Quantificar, quantificar e quantificar.

• Faça bem feito e em um menor tempo.

Essa são ou não são as métricas do mundo corporativo global? Será mesmo que o único mecanismo de gestão é o quantitativo? Será mesmo que para gerir eu preciso enxergar apenas os números? Mensurar para controlar, essa é a moral da história.

O mundo corporativo precisa de um “banho de loja”, precisa urgentemente revisitar algumas práticas, revisitar seus modos operandi, que já não estão mais adequados para os tempos de hoje e não estão mais promovendo um ambiente saudável e sustentável.

O mundo mudou, as pessoas mudaram e o mundo do trabalho insiste em permanecer no século passado. As organizações precisam urgentemente recuperar a capacidade das pessoas em sonhar com um futuro melhor e mais promissor, onde as pessoas queiram estar enquanto fizer sentido para elas. As pessoas precisam acreditar num mundo corporativo onde em paralelo com todos os avanços de gestão, avanços do mundo tecnológico, avanços na robótica, avancem também no despertar de uma nova consciência com um olhar para o trabalhador que está em constante mudança, em transformação e que também envelhece, mas nem por isto perde sua capacidade criativa e produtiva.

É preciso compreender que todos nós já estamos em processo de envelhecimento e para construir uma longevidade saudável é preciso cuidar das pessoas, das relações e dos ambientes em vivemos inclusive do ambiente de trabalho.

Longevidade é coisa séria.

Precisamos construir/acreditar em um mundo corporativo onde se existirá um terreno totalmente fértil para que todas as idades possam trabalhar juntas, com uma belíssima roda de troca de saberes, onde a prosperidade possa ser compartilhada.

Um mundo do trabalho com todos e para todos!

Escrito por Lilian Assunção e Renata Seabra.

Artigo na integra: https://www-cnnbrasil-com-br.cdn.ampproject.org/c/s/www.cnnbrasil.com.br/saude/estresse-social-envelhece-sistema-imunologico-de-maneira-precoce-diz-estudo/?amp

Vamos Ergonomizar o planeta!

Todos nós valorizamos a originalidade, mas num mundo globalizado e conectado, é quase impossível ser 100% original. Alguém sempre chega antes e batiza o rebento. Assim foi com a palavra/verbo ERGONOMIZAR citada no título do texto.

Busca simples na rede nos remeteu à Revista Brasileira de Ergonomia, onde consta um artigo com o seguinte título: “Ergonomizar nossas ações: um estudo de caso sobre o processo de ergonomia daTodos nós valorizamos a originalidade, mas num mundo globalizado e conectado, é quase impossível ser 100% original. Alguém sempre chega antes e batiza o rebento. Assim foi com a palavra/verbo ERGONOMIZAR citada no título do texto. Busca simples na rede nos remeteu à Revista Brasileira de Ergonomia, onde consta um artigo com o seguinte título: “Ergonomizar nossas ações: um estudo de caso sobre o processo de ergonomia da Braskem”. E assim naufragou a nossa ideia original, com a melhor das intenções.    Braskem”. E assim naufragou a nossa ideia original, com a melhor das intenções.   

 Frustração à parte, vamos ao que interessa nesse artigo: a necessidade de estabelecermos uma relação mais coerente entre o colaborador e a empresa. E isso não se restringe aos equipamentos que ele utiliza para desempenhar suas funções, mas inclui todo espaço (físico e mental) que cerca o ambiente de trabalho, composto de estruturas físicas e seres humanos, que interagem entre si com frequência e intensidade distintas.

Como gostamos de estabelecer novos paradigmas, comecemos então por propor um novo paradigma na mente de vocês: “A superficialidade do olhar não dá conta da complexidade do trabalho”.

Se Ergonomia é o estudo do trabalho, como fazer Ergonomia se não compreendermos profundamente qual é o trabalho?

Não podemos nos esquecer que trabalhar não é somente produzir, é construir a si mesmo. Trabalhar é utilizar todos os saberes, toda criatividade, toda bagagem para se desenvolver como ser humano. Trabalhar é sofrer, mas é também transformar o trabalho em prazer. Trabalhar é sentido à vida.

 Entendida a grandeza do sentido do trabalho para o ser humano, precisamos ampliar o olhar, enxerga-lo com novas lentes, compreender para além do que é visto a olho nu.

Fazer Ergonomia não é apenas analisar postos de trabalho e ferramentas, não é dizer o que o outro deve ou não fazer, não é definir a postura ‘correta’ para se manusear uma carga, não é sair procurando risco como se ali, no protagonismo da ação, existissem pessoas desprovidas de sentimento. É sempre bom lembrar que trabalhar não é simplesmente produzir, é também produzir a si mesmo.

Para fazer Ergonomia não basta um olhar superficial, restrito a modelos milagrosos e pré-formatados, sem bagagem vivencial e baseada apenas na visão do especialista. Sentimos afirmar que isso vai levar do nada ao lugar algum e gerar muita frustração.

 É preciso tornar o invisível visível. É preciso dar visibilidade às pessoas. É preciso ter coragem e respeito para escutar, co-construir. É preciso entender que não há resposta pronta para tudo.

 P.S do Ricardo

Uau! O conceito de Ergonomia é bem mais amplo mesmo! Partindo dessa constatação, inseri uma provocação na conversa com minhas parceiras de artigo: já que …(lá vem ele com mais uma frase feita!) Ergonomia deve ser entendida como um conceito amplificado, é factível estender esta premissa para o espaço além da empresa, que engloba territórios e o próprio planeta? Ou seja: se Ergonomia é propiciar um ambiente de convivência mais humanizado nas organizações, o mesmo não aplica à nossa relação com o espaço urbano e os recursos naturais que nos cercam? Ou seria uma provocação descartável, ‘já que’ existem conceitos tradicionais validados com o mesmo propósito, entre eles “sustentabilidade”?

 P.S. da Lilian e da Renata:


Sem dúvida, há muita sinergia entre a provocação do Ricardo e a palavra sustentabilidade. Sem consultar o dicionário pode-se dizer que significam a mesma coisa. Em tempos de ESG e ODS, é mandatório incluir estas premissas no universo corporativo, pois entendemos que uma organização sustentável é aquela que identifica e age sobre fatores que estão no campo do invisível, do intangível, do subjetivo. As empresas tem dificuldade para compreender aquilo que “não é mensurável”, confere?

Para tanto, é fundamental questionar alguns paradigmas tradicionais do mundo capitalista:

  1. Números acima do fazer?
  2. Priorizar a quantidade em prol da qualidade?
  3. Medir, medir e medir?
  4. Quantificar, quantificar e quantificar?
  5. Reduzir, reduzir e reduzir?

 Vejam só, se a métrica capitalista é enxergar tudo através de números, como processar os fatores intangíveis, aqueles que de fato representam a sustentabilidade do negócio?


Será possível medir a confiança, o engajamento, a coerência e a reputação? Para quem só vê números pela frente, temos uma péssima notícias: “vocês estão em maus lençóis”. 


É possível quantificar a solidariedade e a cooperação nas organizações? E o sentido do trabalho para cada trabalhador, é mensurável? E o DNA da organização, aquilo que impacta diretamente nos significados dados, dá para medir? Tem como quantificar o impacto da organização do trabalho na vida das pessoas?

 Reputação é coerência. Ter coerência extrapola as fronteiras internas e externas da empresa. Por trás dessa frase, que você leu rapidamente neste artigo, está a chave de um grande segredo.

 Quer saber como anda sua empresa? Pergunte, ouça com atenção, se interesse, fuja das pesquisas prontas e formatadas. Entenda que cada empresa é única e por trás de cada resposta tem uma história viva.

 Vá além dos números, não estrangule os indicadores, não gerencie apenas por eles, que só indicam, mas não explicam.

 Sustentabilidade é desenvolver um ambiente de trabalho onde todos podem se desenvolver e ser felizes. O resto é lucro.

O que queremos dizer com essa reflexão? Queremos afirmar (uau, que certeza hein?) que o segredo da verdadeira sustentabilidade, aquela que está por trás do status, do selo verde, do laço de fita colorido, do selo de melhor empresa para se trabalhar, está na compreensão e na valorização dos fatores intangíveis, que facilmente podem se transformar em vantagem competitiva, em lucro, em market-share, em redução do turnover ou mesmo de acidentes de trabalho. 


Ah, tomem nota: os fatores intangíveis, diferentes dos fatores naturais, são renováveis.

 P.S.2 do Ricardo:

Bem amigos – parafraseando o amado e odiado Galvão Bueno – considerando as afirmações da Lilian e da Renata ouso concluir que o conceito de Ergonomia amplificado pode sim ser aplicado ao planeta. Se será travestido de Sustentabilidade ou não é indiferente. Fato é que ao repensar a relação entre as organizações e as pessoas, em qualquer dimensão, estaremos dando uma enorme contribuição para o futuro.

#Tamojunto!  

Por Ricardo Mucci, Lilian Assunção e Renata Seabra