Vamos Ergonomizar o planeta!

Todos nós valorizamos a originalidade, mas num mundo globalizado e conectado, é quase impossível ser 100% original. Alguém sempre chega antes e batiza o rebento. Assim foi com a palavra/verbo ERGONOMIZAR citada no título do texto.

Busca simples na rede nos remeteu à Revista Brasileira de Ergonomia, onde consta um artigo com o seguinte título: “Ergonomizar nossas ações: um estudo de caso sobre o processo de ergonomia daTodos nós valorizamos a originalidade, mas num mundo globalizado e conectado, é quase impossível ser 100% original. Alguém sempre chega antes e batiza o rebento. Assim foi com a palavra/verbo ERGONOMIZAR citada no título do texto. Busca simples na rede nos remeteu à Revista Brasileira de Ergonomia, onde consta um artigo com o seguinte título: “Ergonomizar nossas ações: um estudo de caso sobre o processo de ergonomia da Braskem”. E assim naufragou a nossa ideia original, com a melhor das intenções.    Braskem”. E assim naufragou a nossa ideia original, com a melhor das intenções.   

 Frustração à parte, vamos ao que interessa nesse artigo: a necessidade de estabelecermos uma relação mais coerente entre o colaborador e a empresa. E isso não se restringe aos equipamentos que ele utiliza para desempenhar suas funções, mas inclui todo espaço (físico e mental) que cerca o ambiente de trabalho, composto de estruturas físicas e seres humanos, que interagem entre si com frequência e intensidade distintas.

Como gostamos de estabelecer novos paradigmas, comecemos então por propor um novo paradigma na mente de vocês: “A superficialidade do olhar não dá conta da complexidade do trabalho”.

Se Ergonomia é o estudo do trabalho, como fazer Ergonomia se não compreendermos profundamente qual é o trabalho?

Não podemos nos esquecer que trabalhar não é somente produzir, é construir a si mesmo. Trabalhar é utilizar todos os saberes, toda criatividade, toda bagagem para se desenvolver como ser humano. Trabalhar é sofrer, mas é também transformar o trabalho em prazer. Trabalhar é sentido à vida.

 Entendida a grandeza do sentido do trabalho para o ser humano, precisamos ampliar o olhar, enxerga-lo com novas lentes, compreender para além do que é visto a olho nu.

Fazer Ergonomia não é apenas analisar postos de trabalho e ferramentas, não é dizer o que o outro deve ou não fazer, não é definir a postura ‘correta’ para se manusear uma carga, não é sair procurando risco como se ali, no protagonismo da ação, existissem pessoas desprovidas de sentimento. É sempre bom lembrar que trabalhar não é simplesmente produzir, é também produzir a si mesmo.

Para fazer Ergonomia não basta um olhar superficial, restrito a modelos milagrosos e pré-formatados, sem bagagem vivencial e baseada apenas na visão do especialista. Sentimos afirmar que isso vai levar do nada ao lugar algum e gerar muita frustração.

 É preciso tornar o invisível visível. É preciso dar visibilidade às pessoas. É preciso ter coragem e respeito para escutar, co-construir. É preciso entender que não há resposta pronta para tudo.

 P.S do Ricardo

Uau! O conceito de Ergonomia é bem mais amplo mesmo! Partindo dessa constatação, inseri uma provocação na conversa com minhas parceiras de artigo: já que …(lá vem ele com mais uma frase feita!) Ergonomia deve ser entendida como um conceito amplificado, é factível estender esta premissa para o espaço além da empresa, que engloba territórios e o próprio planeta? Ou seja: se Ergonomia é propiciar um ambiente de convivência mais humanizado nas organizações, o mesmo não aplica à nossa relação com o espaço urbano e os recursos naturais que nos cercam? Ou seria uma provocação descartável, ‘já que’ existem conceitos tradicionais validados com o mesmo propósito, entre eles “sustentabilidade”?

 P.S. da Lilian e da Renata:


Sem dúvida, há muita sinergia entre a provocação do Ricardo e a palavra sustentabilidade. Sem consultar o dicionário pode-se dizer que significam a mesma coisa. Em tempos de ESG e ODS, é mandatório incluir estas premissas no universo corporativo, pois entendemos que uma organização sustentável é aquela que identifica e age sobre fatores que estão no campo do invisível, do intangível, do subjetivo. As empresas tem dificuldade para compreender aquilo que “não é mensurável”, confere?

Para tanto, é fundamental questionar alguns paradigmas tradicionais do mundo capitalista:

  1. Números acima do fazer?
  2. Priorizar a quantidade em prol da qualidade?
  3. Medir, medir e medir?
  4. Quantificar, quantificar e quantificar?
  5. Reduzir, reduzir e reduzir?

 Vejam só, se a métrica capitalista é enxergar tudo através de números, como processar os fatores intangíveis, aqueles que de fato representam a sustentabilidade do negócio?


Será possível medir a confiança, o engajamento, a coerência e a reputação? Para quem só vê números pela frente, temos uma péssima notícias: “vocês estão em maus lençóis”. 


É possível quantificar a solidariedade e a cooperação nas organizações? E o sentido do trabalho para cada trabalhador, é mensurável? E o DNA da organização, aquilo que impacta diretamente nos significados dados, dá para medir? Tem como quantificar o impacto da organização do trabalho na vida das pessoas?

 Reputação é coerência. Ter coerência extrapola as fronteiras internas e externas da empresa. Por trás dessa frase, que você leu rapidamente neste artigo, está a chave de um grande segredo.

 Quer saber como anda sua empresa? Pergunte, ouça com atenção, se interesse, fuja das pesquisas prontas e formatadas. Entenda que cada empresa é única e por trás de cada resposta tem uma história viva.

 Vá além dos números, não estrangule os indicadores, não gerencie apenas por eles, que só indicam, mas não explicam.

 Sustentabilidade é desenvolver um ambiente de trabalho onde todos podem se desenvolver e ser felizes. O resto é lucro.

O que queremos dizer com essa reflexão? Queremos afirmar (uau, que certeza hein?) que o segredo da verdadeira sustentabilidade, aquela que está por trás do status, do selo verde, do laço de fita colorido, do selo de melhor empresa para se trabalhar, está na compreensão e na valorização dos fatores intangíveis, que facilmente podem se transformar em vantagem competitiva, em lucro, em market-share, em redução do turnover ou mesmo de acidentes de trabalho. 


Ah, tomem nota: os fatores intangíveis, diferentes dos fatores naturais, são renováveis.

 P.S.2 do Ricardo:

Bem amigos – parafraseando o amado e odiado Galvão Bueno – considerando as afirmações da Lilian e da Renata ouso concluir que o conceito de Ergonomia amplificado pode sim ser aplicado ao planeta. Se será travestido de Sustentabilidade ou não é indiferente. Fato é que ao repensar a relação entre as organizações e as pessoas, em qualquer dimensão, estaremos dando uma enorme contribuição para o futuro.

#Tamojunto!  

Por Ricardo Mucci, Lilian Assunção e Renata Seabra

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