Ih…. a casa caiu

Notícia quentinha publicada na Folha de São Paulo, já era esperada pela Movas há anos, agora a conta está chegando para muitas empresas. O preço alto da boa intenção e da falta de assertividade.

“Executivos das empresas estão começando a repensar sua abordagem aos programas de bem-estar dos funcionários, pois pesquisas sugerem que, apesar de bilhões de dólares serem gastos em tais iniciativas, muitos trabalhadores estão mais infelizes e menos saudáveis do que nunca.”

Em uma postagem que fizemos em 2022, refletimos o seguinte:

Será que as organizações estão mesmo cuidando da SAÚDE MENTAL de seus times?

Lendo e vendo tantas iniciativas de tantas empresas (não tenho dúvidas que são bem intencionadas), fico em dúvida se os conceitos estão sendo bem entendidos, se as abordagens estão sendo mesmo corretas, pois se a lente para enxergar essa questão estiver incorreta, as abordagens não atingirão o seu objetivo.

A grande questão a ser investigada é “QUAIS CONDIÇÕES ESTÃO SENDO DADAS” para os empregados desenvolverem seu trabalho? Qual o sentido que esse trabalho tem para essas pessoas? Quais novas perguntas podem ser feitas para encontrarmos a causa raiz dos problemas, que não são tratados através de medidas paliativas e superficiais?

Precisamos urgentemente ampliar esse olhar, aprofundar as camadas, melhorar a nossa compreensão acerca das questões do trabalho, compreender melhor a relação das pessoas com o seu trabalho. para que possamos compreender as profundezas da SAÚDE MENTAL E TRABALHO.

Não é sobre as pessoas e sim sobre quais condições são dessas!!!

Temos percebido um aumento significativo do número de empresas que olham a saúde mental apenas pelo âmbito do indivíduo. Quando colocamos o foco no indivíduo é uma crueldade, pois “se o fulano não deu conta, troca”!

Mas quando estamos falando da relação da saúde mental com o trabalho, temos que tirar o foco do indivíduo e colocar o foco na organização. Quais condições são dadas para o trabalho ser realizado?

É preciso mudar o foco, mudar as perguntas, fugir das medidas mitigatórias e simplistas.

Medidas paliativas de bem estar, indicadores reativos, foco no indivíduo, são ações que enxergam o “desfecho do filme”, causando grandes enganos organizacionais.

Quando olhamos para o indivíduo estamos olhando para as consequências, estamos olhando para os sintomas, para o desfecho.

Quando olhamos para a organização do trabalho, estamos buscando explicações, conhecendo como as coisas se dão, olhando o filme em sua totalidade, conhecendo os indutores.

Quer cuidar da relação da saúde mental e trabalho? Então faça um bom exercício de autoconhecimento da organização.

Foque na transformação da Organização do trabalho.

Os melindres do mundo corporativo

É tudo muito melindroso e dual, como muitos aspectos da vida. Questionar o sistema requer pisar em ovos, de pantufa.

Se todos dão conta, eu preciso dar também.

Se todos trabalham até de madrugada, eu preciso trabalhar também.

Se todos estão praticando o silêncio, eu preciso praticar também.

Se ninguém questiona os líderes, eu também não vou questionar.

Se todos estão acomodados no comando e controle, eu também ficarei.

Se todos estão infelizes no trabalho em silêncio, eu também ficarei.

Se praticar o bem estar no trabalho for as custas da saúde mental, que seja, isso é normal.

E assim segue o baile. As organizações acham que está bom e as pessoas fingem que realmente está.

Os indicadores não explicam, só indicam e as métricas vão cegando as lideranças.

E a alta performance fica como? A que custo?

Se a organização do trabalho não mudar, as pessoas não mudarão.

Não podemos simplificar o trabalhar das pessoas

Posso chamar esses parágrafos de POST ou posso chamar de DESABAFO, mas ambos com uma música dramática de fundo…

Não podemos simplificar o trabalhar das pessoas, não podemos entender o trabalho somente pela postura corporal, pelo mobiliário que eles utilizam e pelo resultado entregue. Trabalhar é agir diante da condição imposta ou proposta. Postura corporal é consequência.

O mundo do trabalho vem passando por diversas transformações ao longo dos tempos, fato que não é novidade para ninguém. Passamos por revoluções industriais, globalização, revolução tecnológica, revolução da longevidade, diversidade, inteligência artificial, robótica e uma coisa é fato, essas transições não irão parar, pois enquanto surgirem necessidades vindas do mercado, essas transformações continuarão a acontecer. O mercado muda, as pessoas mudam e o design organizacional das empresas muda também.

O mundo do trabalho está tão acelerado, onde o tempo virou artigo de luxo. Tem sido exigido colaboração, inovação, mas na cartilha não ensina como, não dá tempo para aprender.

E diante disso, vemos uma Ergonomia (sem generalizações, por favor) sendo aplicada de forma superficial, morna (quase fria), simplificada, míope.

Fazer Ergonomia não é e não pode ser apenas analisar posto de trabalho, não é e não pode ser apenas analisar ferramenta, não é e não pode ser dizer o que o outro deve ou não fazer, não é e não pode ser dizer a postura “correta” para se manusear uma carga, não é e não pode ser sair procurando risco como se ali, no protagonismo da ação, não existissem pessoas que pensam e sentem.

Estudar o trabalhar das pessoas não é apenas analisar o fruto desse trabalho (aquilo que é visível, palpável), não é apenas analisar os gestos e a posturas adotadas pelos trabalhadores, não é apenas dizermos o jeito melhor para as pessoas fazerem isso ou aquilo e muito menos a postura que elas devem adotar.

Para fazer Ergonomia não basta ter um olhar superficial, restrito a modelos milagrosos e pré-formatados, com uso excessivo de ferramentas /check lists, baseada apenas na visão do especialista. Acreditamos que isso não agregará valor à empresa e gerará inúmeras frustrações para todos.

É preciso saber tornar o invisível visível. É preciso tirar a invisibilidade das pessoas. É preciso ter coragem para escutar. É preciso ter coragem de coconstruir. É preciso ter coragem de não ter resposta para tudo e construir junto.

Precisamos ser mais criteriosos ou mais criticos quando falamos de Ergonomia.

Até quanto treinamentos resolvem?

Até quanto orientação postural resolve?

Até quanto a raiz dos problemas estão sendo identificados?

Até quanto…?

Chega um momento que o SISTEMA precisa mudar e NÃO SOMENTE AS PESSOAS

Peraí, verdades precisam ser ditas, vem comigo.

Chega um momento que o SISTEMA precisa mudar e NÃO SOMENTE AS PESSOAS. É preciso tirar o foco das pessoas e colocar no sistema, se não, a conta vai chegar e será bem cara.

Essa ilusão da “pessoa certa no lugar certo” é um crime contra os trabalhadores que estão sofrendo submersos em sistemas “emburrecidos”, paralisados diante da falta de coragem em mudar, em simplificar, em fazer novos combinados. Acredito no sistema certo para todas as pessoas se desenvolverem, acho isso muito mais inteligente e humano.

O sistema precisa dar condições para as pessoas agirem, criarem, desenvolverem o seu melhor. O sistema precisa permitir que espaços de fala existam, que a cooperação e a confiança sejam as novas regras. Quando o contrário é exigido, as pessoas sucumbem, deixam de ser resilientes, perdem o sentido, morrem por dentro.

É sim possível equacionar essa relação sistema X pessoas, de uma maneira que seja uma relação ganha ganha, prazerosa e menos sofrida. É possível sim buscar o equilíbrio entre ser excessivamente normativa e ter olhos para enxergar a realidade (nua, crua e possível).

Pede-se que o trabalhador seja inovador… mas a qual custo?
Pede-se que o trabalhador vista a camisa… mas a qual custo?
Pede-se que o trabalhador seja empoderado… mas a qual custo?

Se o sistema não permitir, esse é o custo do sofrimento.

Como diz um trecho de um artigo que gosto muito: “Torna-se difícil imaginar que o trabalhador possa dominar seu trabalho ao invés de ser dominado por ele e, que, possa tornar-se sujeito de suas ações ao invés de ser convertido em mercadoria.”

Acredito verdadeiramente em um trabalho que possibilite os trabalhadores criarem a sua identidade e realização pessoal, em que seja possível reconhecer e ser reconhecido e que tenha principalmente a liberdade para agir, pensar e debater. Certamente, isso é a grande fonte da felicidade e saúde.

E para isso acontecer? Basta começarmos.

Esse é o Jeito Movas de ser.

O TRABALHO NÃO É MAIS AQUELE, O QUE FAZER?

Ahhhh! como o mundo do trabalho mudou nas últimas décadas!! Quando fecho os olhos e lembro de como era antes, nunca pensei que chegaríamos onde chegamos. Sem querer ser pessimista, o mundo do trabalho mudou sim, e dependendo do ponto de vista mudou para melhor e de outro ponto de vista, nem tanto. Vamos refletir sobre isso juntos aqui nesse artigo, a convite do meu querido jornalista Ricardo Mucci e pensarmos no nosso papel enquanto agentes de transformação desse mundão.

O mundo do trabalho vem passando por diversas transformações ao longo dos tempos, fato que não é novidade para ninguém. Passamos por revoluções industriais, globalização, revolução tecnológica, revolução da longevidade, diversidade, inteligência artificial, robótica e uma coisa é fato, essas transições não irão parar, pois enquanto surgirem necessidades vindas do mercado, essas transformações continuarão a acontecer. O mercado muda, as pessoas mudam e o design organizacional das empresas muda também.

Estamos vivendo um grande paradoxo, de repente o maior de todos os tempos, vejam só. Vocês já observaram o quanto a relação das pessoas com o trabalho mudou ao longo dos tempos? Até há algumas décadas atrás, encontrávamos pessoas fazendo carreira em empresas, se conformando tranquilamente em serem empregadas de organizações que escolhiam o modelo comando e controle, eram submissas aos chefes de departamento e sonhavam em se aposentar no primeiro emprego. Esse era o cenário comum Brasil a fora.

Mas com todas as transformações, o sentido e o significado dado para o trabalho transformou e as organizações estão precisando se adaptar rapidamente para manter as pessoas interessadas, para ser possível se manterem no mercado e instituindo modelos de sustentabilidade e produções mais limpas. Felizes das empresas que já estão nascendo com uma essência colaborativa, interessante e pautada em novos valores. Vejam só, as coisas estão mudando tanto nas empresas que já é possível encontrarmos 4 gerações de idade trabalhando juntas, já é possível a interação homem robô em um mais pacífico caos, vemos pessoas sendo empreendedoras dentro da própria empresa em que ela é CLT. Podemos concluir que finalmente podemos estar diante de uma nova revolução, a revolução do trabalho com sentido, do trabalho que para além do dinheiro, gere prazer, proporcione um trabalho solidário, coletivo e saudável.

Mas as empresas estão se preparando genuinamente para essa enxurrada de mudança? Estão optando por novos modelos organizacionais? Estão se tornando menos piramidais e mais horizontalizadas? Posso dizer que mais ou menos, mas como otimista que sou, já estamos trilhando um caminho, que pode ser longo, depende de todos nós.

Arrisco a dizer, ao longo desses meus 20 anos como Ergonomista e cientista do trabalho, que sobreviverão as empresas que forem mais coerentes!!! Sim, isso mesmo, coerentes, essa é a palavra mandatoria. Coerência é conexão, é uma relação harmônica, é nexo. Coerência gera engajamento, gera sentido, gera prazer, gera interesse, gera produtividade, gera saúde, gera inovação, ufa… que espetacular, onde estão todos que não estão ouvindo isso? Só mais um ponto importante, coerência é o quanto o que a organização “fala para fora” (stakeholders, mídia, etc) é coerente com o que ela “fala para dentro” (empregados, acionistas, colaboradores).

E olhando para os imensos desafios do mundo de hoje, as empresas não têm outro caminho, precisam rever o modus operandi, precisam rever a participação do ser humano nessa história toda, ou melhor, precisam deixar que sejam seres humanos. Ou será que o ser humano está com os dias contados para serem substituídos pelos robôs?

Não estou falando? As mudanças não param de acontecer, precisamos nos manter atentos e observar cada movimento desse mundo globalizado. A inteligência artificial está aí, até no ar que a gente respira. Os robôs, que antes eram vistos somente do outro lado do mundo, já estão por aqui, dividindo postos de trabalho conosco, trocando ideias por telefone e praticamente lendo os nossos pensamentos!

Estamos chegando na era onde os humanos serão reféns das máquinas? ou conseguiremos viver em plena harmonia e solidariedade? Sinto informar, mas as empresas terão que passar por um rápido banho de loja, terão que rever sua arquitetura organizacional, seu modelo de funcionamento, seus valores e definir bem quem fará parte desse jogo.

Mas olha só que coisa maluca!!! Progredimos tanto, trilhamos uma jornada tão surpreendente que partiu do trabalho humano para o trabalho robotizado, que estamos sentindo uma necessidade urgente de darmos alguns passos atrás. Ooops! deixamos para trás alguns valores essenciais para a vida humana na Terra.

Será que é possível, agora que já transformamos tanto, resgatar o calor humano? Será que é possível resgatar o olho no olho? Será que é possível resgatar aquele cafezinho com uma boa prosa? Será que é possível trocar ideias de homem para homem? Será que é possível contar a minha história para alguém e ser ouvida com atenção? São esses valores, que são humanos, que a humanidade está buscando como uma caça ao tesouro.

Durante toda a minha vida ouvi a seguinte frase: “o trabalho dignifica o homem”. E eu acredito verdadeiramente nessa máxima (eu e muitos cientistas do trabalho) que afirma que “trabalhar não é apenas produzir; trabalhar é também construir a si mesmo”. Afirmam também que trabalhar é o que há de mais nobre nessa vida, pois é a grande oportunidade do ser humano se desenvolver e se realizar. Trabalhar é utilizar de todos os seus saberes, de toda sua criatividade, de toda a sua bagagem para se desenvolver como ser humano. Trabalhar é uma ação, é uma atividade transformadora, pelo menos é o que se espera do trabalhado edificante. Trabalhar é encher a vida de sentido.

E é isso que eu sei fazer. Ajudo organizações a se desenvolverem enquanto organizações humanas, ajudo as organizações a serem coerentes e a gerar sentido para as pessoas. É sobre essa Ergonomia que estou falando, da Ergonomia que desenvolve, que coloca o indivíduo em ação na direção da transformação do seu ambiente de trabalho e de todo o contexto que ele está envolvido. Estou falando da Ergonomia que aproxima trabalho do trabalhador, que diminui as distâncias entre as pessoas, entre as idades, que possibilita a construção de riqueza e de realização.

Chegou a sua vez. É hora de lutar por um mercado coerente e transparente, fortalecido de valores e sentido, onde o ser humano está no centro das decisões. #Tamojunto, como diria o amigo Ricardo Mucci.

Por Lilian Assunção

É possível fazer uma transformação organizacional?

Muitas pessoas nos perguntam: ” Como começar uma transformação organizacional, será que dá mesmo?”.

Nossa resposta é sempre um sonoro SIM!!! Dá sim, mas tem um porém!!!

Dá sim, mas tem que começar colocando o foco no lugar certo, é preciso criar uma nova chave de leitura, é preciso reprogramar nossas crenças.

Para uma grande transformação organizacional acontecer, não basta romantizar e colocar o foco no indivíduo. É preciso coragem para “mexer em vespeiros”, é preciso começar focando no contexto organizacional, olhando com lupa o que dá certo e o que não dá tão certo assim.

Ah, não sabe como fazer isso?
Te falamos já!!!

Só tem um jeito de conhecer o contexto organizacional, que é ouvindo o que todas as pessoas tem pra dizer, é conhecendo a relação das pessoas com o trabalho, é conhecendo as estratégias que as pessoas usam para fazer o que tem que ser feito, simples assim.

A escuta técnica, aliada a vontade de transformar e o desenvolvimento de maestria é capaz de fazer milagres.

Comece agora. Se aproxime do outro vazio de si. Não escute o outro cheio das suas verdades.

Precisamos ir além das teorias, para além do que dizem estudos de caso. Precisamos começar a contar nossas histórias.

Depois conta se deu certo.

Esse é o Jeito Movas de ser.

Por: Lilian Assunção – CEO Movas

O FATO DE EXISTIREM RECURSOS INTERNOS (CAPACIDADES E HABILIDADES INDIVIDUAIS) NÃO É SUFICIENTE!!!

O FATO DE EXISTIREM RECURSOS INTERNOS (CAPACIDADES E HABILIDADES INDIVIDUAIS) NÃO É SUFICIENTE!!!

Tenho visto nas minhas andanças por empresas de todo o Brasil, o foco excessivo em fatores individuais, em soluções milagrosas centradas no indivíduo, em responsabilizações perigosas nas pessoas, como grandes salvadoras da pátria. Se der certo, foi mérito da pessoa, mas se der errado (Jesus amado) é culpa dela.

Será que adquirir novas habilidades é suficiente se não desenvolvermos um contexto organizacional favorável?

Será que as pessoas estão conseguindo utilizar suas skills nesse ambiente corporativo insano e muitas vezes desumano?

Será que ideias assistencialistas, focada no desenvolvimento de pessoas, sem pensar no sistema complexo resolve alguma coisa?

Será que o ambiente organizacional está permitindo que as pessoas convertam seus recursos individuais em realizações concretas?

Será que pensarmos na jornada do colaborador sem pensar no desenvolvimento do sistema resolve alguma coisa?

Será que continuarmos a focar excessivamente em desenvolvimento de líderes é o caminho? ou estamos fomentando a volta ao passado de Taylor?

Não tenho respostas concretas para todas essas perguntas, mas tenho bons indícios que o mundo corporativo não está sabendo aprofundar as camadas para encontrar as respostas.

Uma coisa é fato, se não investimos tempo para criarmos ambientes capacitantes, não estaremos contribuindo para o desenvolvimento do sistema e muito menos das pessoas.

Esse é o Jeito Movas de Ser.

Por Lilian Assunção- CEO da Movas

Complexo X Complicado

Cá entre nós… estudar o trabalho é muito mais complexo e exige um olhar muito diferenciado para compreendê-lo!! E cá entre nós novamente, não será com ações simplistas e mitigatórias que cuidaremos do nosso sistema e muito menos dos trabalhadores.

Verdade seja dita, o mundo do trabalho atual está a beira de um colapso e precisamos parar para refletir sobre o que construimos e como queremos seguir daqui para a frente. Mas… sem trazer métodos supersônicos, palavras estrangeiras, ferramentas complicadas. Precisamos de cabeças pensantes, precisamos unir forças, de pessoas corajosas para ajudar a dar uma guinada de 180 graus.

Precisamos nos desvencilhar de algumas questões históricas do mundo do trabalho, que vai sendo repetido, sem resultado e precisamos quebrar com alguns paradigmas.

Será que o modelo comando e controle, hierárquico, centrado no líder, segregado ainda funciona? Será que não podemos começar a nossa reflexão por aqui?

Será que continuar a cultura a figura milagrosa do líder irá desenvolver o sistema? (ou irá matar esses líderes?)

Será que continuar a fomentar a organização fortemente hierárquica, onde o que é valorizado é o cargo, a função que a pessoa exerce, irá desenvolver o sistema? (ou irá cada vez mais fortalecer o crachá e destruir as maestrias?)

Será que continuar a olhar para os sintomas, para as consequências, para as questões que estão na superficialidade organizacional irá desenvolver o sistema?

Será que correr atrás da das doenças, dos indicadores de absenteísmo garantirão a prevenção? ou irá nos deixar cada vez mais míopes quanto aos indutores dos problemas?

Será que manter a cultura dos métodos que buscam a individualização, a competitividade, a avaliação individual de performance, irá desenvolver o sistema? ou irá cada vez mais nos distanciar da solidariedade e da cooperação?

Bom, para conseguirmos viver e nos desenvolver em um mundo do trabalho complexo, não precisamos de métodos complicados, de ferramentas extraordinárias, precisamos parar para olhar o sistema que estamos vivendo, a empresa que estamos construindo e como isso tudo tá funcionando. Precisamos envolver o máximo possível de pessoas dando as suas opiniões, mostrando o seu ponto de vista e somente assim começaremos a questionar o status quo.

Precisamos reunir pessoas com vontade de questionar o modelo atual, de questionar velhos paradigmas, de conquistar bons patrocinadores para essa idéia genial, de preparar as organizações para a complexidade!!

Se não hoje, quando?

Por Lilian Assunção- CEO da Movas

Envelhecimento, longevidade, organizações, precisamos falar disso. Precisamos falar disso tudo junto e não separado.

Falar desse tema é mais do que necessário, ele precisa estar na boca de todos e nas decisões da alta direção das empresas. A população trabalhadora está envelhecendo e sua empresa está aprendendo com esse processo natural, inexorável e intransferível? Ou ainda está recheada de preconceitos e crenças?

A questão da Longevidade nas organizações pode ser encarada de duas maneiras, que podem ser sinérgicas ou excludentes, depende da visão da organização.

A visão assistencialista é uma das visões, que colocam toda (mas toda mesmo) a responsabilidade nos ombros dos indivíduos, dando a eles a responsabilidade de envelhecerem saudáveis,  pois cada um cuida da sua saúde. Nesse modelo, se o indivíduo adoecer, ele que não seguiu a “receita do sucesso” corretamente.

A outra visão é a centrada na longevidade e cá entre nós, é a que mais acredito, pois é uma responsabilidade compartilhada, onde todos precisam fazer a sua parte. O indivíduo se responsabiliza por cuidar de si da melhor maneira possível, garantindo um envelhecimento saudável e longe das doenças crônicas e as empresas se responsabilizam por cuidar do contexto e da organização do trabalho para que o trabalho seja realmente para todos e não somente para alguns.

O tema envelhecimento da população trabalhadora precisa estar nas estratégias das organizações, precisa estar na boca de todos, precisa estar nas estratégias de gestão do conhecimento.

Será que dá para cuidarmos desse assunto com mais naturalidade, com uma perspectiva mais positiva, otimista e cheia de possibilidades?

Muitas empresas estão tratando esse tema como um tema de inclusão, mas te garanto que dá para tratar esse tema com carinho e muita estratégia. Estratégia de negócio!!

Mas o grande obstáculo para isso tudo ainda é a forma como as pessoas e as organizações compreendem, ou melhor, não compreendem o envelhecimento como um processo orgânico e não valorizam a bagagem e o saber-fazer dos indivíduos.

Precisamos aprender a fazer novas perguntas. O papel da MOVAS é provocar as organizações a repensarem os conceitos pré concebidos e principalmente, colocar o nosso olhar sobre o SISTEMA e não somente sobre as pessoas. O trabalho SERÁ PARA TODOS somente se o sistema permitir.

Por Lilian Assunção- CEO da Movas